Vaso
Grego (Alberto de Oliveira)
Esta
de áureos relevos, trabalhada,
De
divas mãos, brilhante copa, um
dia,
Já
de aos deuses servir como cansada,
Vinda
do Olimpo, a um novo deus servia.
Era
o poeta de Teos que o suspendia
Então,
e, ora repleta ora esvasada,
A
taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda
de roxas pétalas colmada.
Depois...
Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a,
e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota
voz, qual se da antiga lira
Fosse
a encantada música das cordas,
Qual
se essa voz de Anacreonte fosse.
Análise
do Poema:
Áureos
= adjetivo
Relevos = Substantivo
Divas
= adjetivo
Mãos = substantivo
Brilhante
= adjetivo
Copa = substantivo
Novo
= adjetivo
Deus = substantivo
Taça = substantivo
Amiga
= adjetivo
Roxas
= adjetivo
Pétalas = substantivo
Bordas = substantivo
Finas
= adjetivo
Encantada
= adjetivo
Música = substantivo
No
momento histórico desse movimento literário o poeta é influenciado pelos ideais
cientificistas e revolucionários do período.
Sendo
assim a objetividade se faz presente, tanto quanto a fuga ao sentimental e ao
piegas.
O
parnasianismo adota uma linguagem formal e busca a perfeição estética.
Neste
poema há várias ocorrências em que o adjetivo aparece antes do substantivo, o
que indica requinte formal. Ex: “áureos relevos”; “divas mãos”; “brilhante
copa”; “novo deus”; “roxas pétalas”; “bordas finas”; “encantada música”.
No poema
em questão isso fica nítido, devido ao uso do vocabulário culto, pois no
parnasianismo a poesia deve ser perfeita do ponto de vista estético.
Encontramos
neste poema uma rima esteticamente rica, apresentada pela classe gramatical,
exemplo: dia/servia; doce/fosse. Mas há também rimas pobres como: suspendia/
tinia; bordas/cordas.
O tema da
mitologia grega está presente como é frequente nas poesias parnasianas.
Qualquer
objeto inanimado vira poesia, indo contra a idealização do “Eu Lírico”.
Neste caso
a “taça” é o objeto descritivo desse poema.
Nas duas
últimas estrofes dá-se personalidade àquele vaso. Uma transformação da beleza
lírica do vaso, numa personalização objetiva, característica bem parnasiana.
Este
soneto concretiza a ideia de “arte pela arte”, em que a beleza é o
seu maior valor.
O poema
foi elaborado com versos decassílabos em forma de soneto, pois o
Parnasianismo
retoma esse tipo de construção e para valorizar ainda mais o seu trabalho, o
poeta utiliza os recursos de pontuação abusando do uso das vírgulas dentro de
uma mesma frase.
Há uma
exaltação da forma e da métrica rígida, representado nos primeiros versos.
A
taça representa a poesia do poeta (finas, canoras, doce).
Através
da metonímia entre poesia e musa, percebe-se que a taça se humaniza, pois se
exprime, com voz “canora e doce” quando tocada pelo poeta.
Canora =
suave.
Rimas:
ABAB, BABA, CDE e CDE.
Inversão
da ordem sintática (SVC)
Verso 04:
(...) a um novo deus servia
O.I V
servia a um novo deus.
(ordem natural)
S V C
Verso 07:
A taça amiga aos dedos seus tinia
S C V
A taça
amiga tinia aos seus dedos. (ordem natural)
S V C
Análise do Poema Vaso Grego feita pelas alunas: Edna, Marcela, Shirley e Thaís.